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Museu do Futebol: entendendo o Brasil e o esporte

O Museu do Futebol fica dentro das arquibancadas do Estádio do Pacaembu e é um dos museus mais visitados do país.



A exposição principal está distribuída em 15 salas temáticas, em 2 andares e narra a chegada do futebol ao Brasil, fala das regras do futebol, das gírias utilizadas, traz uma linha do tempo do futebol e demais eventos importantes em cada década no Brasil, os gols narrados ao longo dos anos, etc. E de 15/07/2022 a 29/1/2023 ainda é possível conferir a exposição 22 em campo, que busca mostrar-se como o movimento cultural de 22 pode se ligar ao esporte. São “22 jogadores em campo. 22 temas ligando 1922 a 2022”.

Para fazer a instalação do museu, foram tirados pisos e lajes em 6.900 m² de área, ou seja, o museu é bem grande. E não tem lugar melhor para fazer um museu de futebol do que no interior das arquibancadas de um estádio né?


O começo do Museu


O museu começa com uma parede gigante cheia de referências do futebol como fotos de time, brasões antigos, ingressos de partidas antigas, troféus, além de um painel com ícones do futebol e ícones brasileiros.


Nessa área há um totem com um QR Code para visitar o museu com um "outro olhar", com o audioguia do futebol feminino. Para isso, basta escanear o QR Code do audioguia.



Exposição: 22 em Campo


No primeiro andar fica a exposição "22 em Campo", que poderá ser visitada até 29/1/2023.


Semana de 22 e Futebol


2022 representa o centenário da Semana de Arte Moderna no Brasil e a exposição percorre essa estrada de 100 anos, mas na história do futebol, refletindo sobre o quanto e de que maneira, as transformações políticas, econômicas, comportamentais e culturais ecoaram na forma como o brasileiro joga futebol.


"Para uma partida de futebol, são necessários 22 atletas em campo. Em 2022, celebramos o centenário da Semana de Arte Moderna. Por isso, o Museu do Futebol escala 22 temas que nos ajudam a traçar relações entre futebol e modernismo, arte e esporte, 1922 e 2022".

O primeiro grande ídolo futebolístico foi Friedenreich, filho de imigrante alemão com uma mulher negra, foi citado pelo escritor Menotti Del Picchia em sua conferência na Semana de Arte Moderna de 1922. Friedenreich usava touca para dar a impressão de que tinha um cabelo liso e procurando escapar da discriminação racial.


Em 1922, "enquanto em fevereiro os artistas modernistas agitavam o Theatro Municipal, em setembro uma multidão se reunia ao lado, no Vale do Anhangabaú, para receber notícias do Campeonato Sul-Americano de Futebol que acontecia no Rio de Janeiro". Os repórteres do Jornal O Estado eram informados por telefone por jornalistas cariocas e colocavam placares na fachada do prédio, descrevendo lances das partidas para os torcedores. No "ano zero" do modernismo brasileiro, a seleção masculina de futebol se sagrava bicampeã em território nacional.


Nesse ano, as arquibancadas e os campos de futebol eram frequentados pela elite brasileira, enquanto populações carentes jogavam peladas nas áreas de várzeas surgidas ao lado dos leitos dos rios, locais em que os campos de futebol iriam se configurar como espaços públicos informais. Segundo a curadoria da exposição, esse cenário se repete agora com as Arenas, é a elitização do futebol novamente.


Em 18/03/1924, o jornal Correio da Manhã publicou o "Manifesto da Poesia Pau-Brasil", de Oswald de Andrade. O Manifesto também foi lançado em forma de livro junto com desenhos de Tarsila do Amaral. Na poesia de Oswald há uma série de referências que se valem do modo de linguagem e comunicação do jornalismo e das manchetes dos jornais para reportar o universo do futebol no cotidiano da cidade. Ele fala o bordão "E a Europa se curvou ante o Brasil", registrando de forma telegráfica os êxitos futebolísticos do país no estrangeiro.


O Movimento de 22 procurava trazer a brasilidade no nosso cotidiano, o que implicou também no termo football, trazido do inglês.



Operários e Futebol



Em 1933, Tarsila do Amaral apresentou sua tela Operários, com rostos de homens e mulheres de diversas etnias e um fundo com prédios industriais. Nesse mesmo ano, o futebol do Rio de Janeiro teve um feito inédito quando o time operário Bangu A.C, fundado por engenheiros ingleses da Fábrica Bangu, conquistou o Campeonato Carioca. Esse ano também é marcado pela adoção oficial do profissionalismo no futebol, um processo de incorporação de futebolistas e de times que passariam a admitir trabalhadores, negros e analfabetos, o que antes era vetado de forma indireta.



Os torcedores


O termo torcedor remete à observação do comportamento dos espectadores nas tribunas dos estádios da belle époque, com o ato das mulheres de torcer e retorcer os lenços ou luvas nos momentos decisivos das partidas, contorcendo o objeto nas mãos e, por extensão, o corpo inteiro.


Alguns modernistas como Mário de Andrade e Guilherme de Almeida iam assistir partidas de futebol nos estádios e a multidão de torcedores foi inspiração para diversas narrações de crônicas escritas por eles.


Os negros no futebol


Enquanto os pintores modernistas retratavam negros em seus quadros, como Tarsila do Amaral na tela A Negra, o debate sobre a integração do negro no espaço esportivo era movido por tensão. Até Epitácio Pessoa, presidente da República à época, recomendava de modo expresso o impedimento da presença de jogares de origem negra nas partidas do brasil contra equipes estrangeiras. A circulação internacional para as partidas dos torneios sul-americanos era chamada de "Macaquitos".


Em 1923, o Vasco da Gama conquistou o título com uma equipe formada por jogadores de origem negra, trabalhadores manuais da indústria e do comércio que atuaram em regime semiprofissional. Isso gerou grande desconforto nas elites brasileiras.




Imigrantes no futebol


Entre 1870 e 1920, o Brasil recebeu um intenso fluxo de imigrantes nas grandes cidades e no interior do país. Essas comunidades de imigrantes italianos, alemães, espanhóis, japoneses etc, trouxeram seus hábitos, suas práticas, suas formas de lazer e seus esportes. Foram criados o S.C Germânia, o C. Esperia, o C. Espanhol, o Palestra Itália, a Portuguesa de Desportos, Juventus da Mooca, entre outros.



Exposição permanente do Museu do Futebol


O Pelé nos dá as boas vindas num painel digital e em seguida, vamos para a primeira sala, a Sala Anjos Barrocos, toda escura, com telões com montagens holográficas dos jogadores e jogadoras brasileiros mais importantes da história, tais como Ronaldinho Gaúcho, Pelé, Romário, Roberto Carlos, Cristiane, Marta, Formiga, Djalma Santos, etc.


Após os painéis holográficos, há uma homenagem à importância do rádio no futebol. É possível escutar narrações icônicas de grandes comentaristas e críticos do futebol ao longo dos anos em uma cabine interativa, muito legal. As narrações são de 1934 até 2004.


Em seguida fui para a Sala Exaltação que surgiu como um buraco, sem querer. Passou a ser então uma sala com telões e diversos vídeos das torcidas de times brasileiros, fazendo com que você se sinta dentro da torcida mesmo. As pessoas ficam esperando suas torcidas para gritar junto.

A sala das origens tem diversas fotografias que mostram como era o Brasil quando o futebol chegou por aqui, mostrando a moda e costumes do século XX, diversos locais do Brasil. Nessa sala fica ainda mais claro que o jogo era só jogado e assistido pelas elites, era difícil ver negros nas arquibancadas e nos campos.


A sala rito de passagem tem um trecho da copa de 1950, a primeira realizada no Brasil e pouco falada, isso porque o Brasil perdeu e a derrota foi atribuída injustamente. Da pra ver o maior silêncio que um estádio de futebol já teve.


A Sala das Copas do Mundo traz totens com 1500 fotografias de marcos importantes do futebol, mas também de eventos mundiais e os costumes de cada época. Os painéis que tem estrelinhas são os painéis em que o Brasil ganhou a copa


Por fim, há uma sala especial com imagens e vídeos em homenagem aos dois grandes craques: Pelé e Garrincha. Eles dois juntos nunca perderam uma partida




Exposição permanente do Museu do Futebol - números e regras


Uma passarela te leva às ultimas salas, as quais contam a historias, curiosidades e regras do futebol. Lá vemos as primeiras bolas, feitas com bexiga de boi, os 3 maiores estádios do Brasil, os jogadores consagrados, o desenvolvimento das chuteiras, a historia do futebol feminino entre outros.


Origem do futebol no Brasil e Primeiros Campeonatos


Charles Miller, nascido em 1874 em São Paulo, era filho de pai escocês e mãe brasileira. Conheceu o futebol quando morou na Inglaterra e, ao retornar ao Brasil em 1894, trouxe duas bolas para encher, 1 par de chuteiras e 1 livro de regras. Ele foi fundamental na montagem do time São Paulo Athletic Club, onde jogou até 1910.


Por fim, há jogos virtuais interativos (painéis no chão em que reconhecem a presença das pessoas e torna possivel voces jogarem bola virtualmente) e vocês podem medir a velocidade do seu chute.


O Museu do Futebol tem um acervo riquíssimo e nos ajuda a entender o esporte, bem como a sociedade brasileira em cada década. Adoramos e com certeza voltaremos.


Fica a última reflexão:


"O futebol, elitista em suas origens, que se profissionalizara e massificara em meados do século XX, volta a elitizar seu público frequentador. Qual o lugar, hoje, para o caráter popular do futebol e para a festa das torcidas nessas arenas?"

Endereço: Praça Charles Miller, s/n; Estádio Paulo Machado de Carvalho – Pacaembu


Horários: terça a domingo, das 9h às 17h00 (com permanência até 18h).

Abertura noturna: a cada primeira terça-feira do mês, das 9h às 20h (com permanência até 21h)


Ingressos:

R$ 20,00 Inteira

R$ 10,00 Meia-entrada

GRÁTIS para Crianças de até 7 anos e pessoas com deficiência.

GRÁTIS para todos às terças-feiras

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